Confundido com criminoso e baleado, Gabriel Believe vira referência em esportes após perder movimento das pernas

  • 14/10/2025
(Foto: Reprodução)
Confundido com criminoso e baleado quatro vezes, cearense vira referência em esportes Sonhos na vida, projetos pessoais, planos de felicidade e propósitos profissionais nem sempre acontecem. A trajetória de Gabriel Araújo é a prova viva de que os planos mais bem desenhados podem ser duramente interrompidos. Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp Conhecido atualmente como Gabriel Believe – "acredite", em inglês –, ele transformou uma tragédia em uma história de superação. Tudo mudou em 2017, quando, confundido com um criminoso, foi alvo de quatro tiros que o privaram do movimento das pernas. O sonho de infância de Gabriel era claro: ser jogador de futebol. Mas, aos 19 anos, esse caminho foi brutalmente fechado. "Desde pequeno que o meu sonho era ser jogador de futebol, mas ao chegar aos 19 anos, isso foi interrompido", relembra. O ponto de virada foi o dia 13 de maio de 2017, dois dias antes de seu aniversário. "Eu fui confundido, levei quatro tiros por engano, o cara não falou nada, só olhou pra gente mesmo e atirou. A gente correu e na adrenalina eu não senti os tiros que eu levei em cada escápula, né? Mas quando eu levei o da coluna, foi que eu caí no chão e eu me virei pra levantar." A tentativa de se levantar revelou a gravidade da situação. "Na hora de levantar, eu levantei só o tronco e eu já não sentia mais as pernas, foi instantâneo mesmo." O agressor não parou. "Ele deu outro tiro que pegou de raspão na minha bexiga, foi o quarto tiro. Depois ele apontou pra minha cara, ficou apertando, apertando, só que já não saía mais nada." Foi só então que a confusão foi percebida. "Daí que chegou muita gente, começou a gritar, dizer que ele estava pegando o cara errado, que eles estavam confundindo." Gabriel passou 12 dias no hospital, mas não fez cirurgia devido ao alto risco. Sua lesão era parcial, e três balas permanecem alojadas em seu corpo até hoje. Ao voltar para casa, começou um período de intenso sofrimento. "Eu não dormia à noite. Todos os dias eu virava à noite, só dormia pela manhã e era algum instante. Eu não conseguia fazer nada, só conseguia gritar". A dor física era constante. "Eu não tinha força com o controle do tronco, não conseguia me levantar direito, doía muito a minha lombar, a minha coluna." Superação e perdão Foram meses de dor, mas também de aprendizado. Uma de suas maiores lições foi sobre o perdão. "Faz oito anos desse acontecimento. Eu não sei quem é esse cara. Eu não conheço ele. Eu nem sei se ele está vivo. Quem sabe um dia ele possa estar assistindo a essa reportagem. Mas se ele estiver vivo, eu quero que ele saiba que desde aquele dia até hoje, eu amo a vida dele." Sua filosofia de vida ficou clara: "Ele tirou algo de mim, mas eu estou retribuindo com amor. Isso não ia me limitar de passar por dores ou por sofrimento. Mas isso me fez ganhar força para continuar". E completa: "A fé que me mantém de pé. E eu não preciso nem levantar da cadeira". O encontro com o esporte A necessidade foi a mãe da reinvenção. "Eu comecei a treinar para poder rodar na cadeira. Foi mais por necessidade. Porque eu vi que diariamente a luta ia ser muito gigante para poder rodar na cadeira. Você tem que ter gato, tem que ter força". Quando começou a sair de casa, treinava na praça e foi na Praça Portugal que descobriu sua nova paixão: a calistenia. Gabriel é capaz de fazer movimentos extremamente difícieis. 🔎 A calistenia é um método de treinamento que utiliza o peso do próprio corpo para desenvolver força e coordenação. Seus exercícios envolvem movimentos naturais, como flexões, barras, agachamentos e abdominais, sem a necessidade de máquinas complexas como as utilizadas em musculação. Chegou e perguntou aos praticantes: "Vocês têm cadeirante na equipe de vocês?" A resposta do professor foi um convite: "Não, a gente não tem. Mas você pode ser o primeiro." E foi assim que sua vida ganhou um novo rumo. "Foi desde então que eu fui abraçado. Fui muito abraçado. E desde então eu estou lá até hoje." Sobre o treinamento adaptado, ele explica: "É totalmente diferente, mas também não é totalmente um bicho de sete cabeças treinar uma pessoa adaptada. Então foi bem desafiador, mas também foi muito prazeroso". O tratamento que recebeu foi fundamental. "Eles nunca me enxergaram como um cadeirante. E hoje eu sou um maluco do esporte por conta deles." Gabriel Believe se tornou um atleta poliesportivo. "Eu pratico vários esportes. Faço tanto a calistenia, como sou atleta profissional de crossfit. Eu pratico o surf. Pratico o poliesporte, que é o polidance. São rotinas de treinos e treinos. E vou seguir até de cabelo branco. Quando tiver cabelo branco, mesmo assim, vou seguir na calistenia." A vida nova não apaga completamente a antiga. "Às vezes eu sinto saudade de jogar bola. Às vezes eu sinto saudade de andar. Isso é normal. Porque é diferente quando você nasce cadeirante. Mas com o tempo você adquire isso. Mas isso não me impede de enxergar as outras coisas boas que já aconteceram na minha vida", afirma. E uma dessas coisas boas é resumida por uma frase que ouve frequentemente de seu professor de calistenia: "Ele fala assim... O Gabriel precisou perder o movimento das pernas para ganhar o movimento das asas". Confundido com criminoso e baleado quatro vezes, Gabriel Believe vira referência em esportes TV Verdes Mares/Reprodução Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/10/14/confundido-com-criminoso-e-baleado-quatro-vezes-cearense-paraplegico-vira-referencia-em-esportes.ghtml


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